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Description Benfica e FC Porto anularam-se no relvado lisboeta, numa partida em que o receio de perder foi sempre superior à vontade de ganhar. Agora só um milagre poderá dar o título aos “dragões”.
O último clássico da temporada terminou com um desolador nulo no marcador, mas nas bancadas o resultado foi festejado como uma goleada. Não era para menos, ao apito final do encontro estendeu-se uma passadeira vermelha ao Benfica para festejar um bicampeonato que lhe foge há 31 anos. Para o FC Porto o título passou a ser uma quimera, restando-lhe aguardar por um pouco provável desastre do adversário nas quatro jornadas que restam do campeonato e pouco mais. Pela terceira vez na longa era Pinto da Costa, os “dragões” estão perto de terminar uma temporada sem troféus.
Não foi o clássico mais apelativo para os amantes de futebol. Não houve golos nem grandes ocasiões, mas sobrou a intensidade, numa partida em que as defesas foram protagonistas e o meio-campo uma zona de batalha. O FC Porto entrou melhor no encontro, mas arriscou pouco. Quando o fez, na segunda metade, já o Benfica conseguira equilibrar o encontro, controlando o cronómetro que lhe era favorável. Julen Lopetegui desperdiçou a derradeira oportunidade de atacar o comando da Liga e, no final, não disfarçou a azia, envolvendo-se numa acalorada discussão com Jorge Jesus, que venceu, sem ganhar, o duelo do Estádio da Luz.
Ambos os técnicos surpreenderam com algumas escolhas para este clássico decisivo, em que um dos únicos desequilíbrios foi etário, com o Benfica a apresentar uma equipa com 29 anos de média de idade (seis jogadores acima dos 30), contra os 25,3 do FC Porto. Mais novidades trouxe Lopetegui, que apresentou um meio-campo renovado, mas de tracção traseira, com as chamadas do jovem Rúben Neves (para acompanhar Casemiro à frente da defesa) e Evandro. No banco ficaram Herrera e Quaresma, com Óliver a deslocar-se para o lugar habitual do português na faixa direita. Ainda mais inesperada foi a troca de guarda-redes, com Fabiano, ainda abananado com os seis golos sofridos a meio da semana com o Bayern Munique, para a Liga dos Campeões, a ceder o lugar ao mais experiente Helton.
Já Jesus foi mais conservador, com uma única alteração no “onze” e mesmo essa precipitada pela lesão de Salvio. Inesperada foi a escolha do substituto, Talisca, que foi encostado a uma das alas. A opção não correu particularmente bem ao técnico “encarnado”, com o brasileiro desastrado a defender e pouco acutilante nas iniciativas atacantes. Mesmo assim, foram dele as primeiras tentativas do Benfica para alvejar a baliza portista, mas só no segundo tempo, já que na primeira metade a equipa não incomodou as redes adversárias.
Os primeiros 45’, de resto, provaram que as duas equipas estavam francamente mais determinadas em não sofrer golos do que em procurar marcá-los. O problema para o FC Porto é que este princípio era bem mais confortável para o Benfica, que só com uma derrota por mais de um golo cederia o primeiro lugar da classificação.
Sem correr riscos, os “dragões” foram-se superiorizando no meio-campo, conseguindo circular a bola e impor, a espaços, o seu jogo. Mas, quase sempre, longe da zona de finalização. Ainda mais distantes da área portista jogavam os “encarnados”, que até foram aplaudidos pelo estádio quando, aos 32’, beneficiaram do primeiro canto do encontro. Pertenceu, mesmo assim, ao FC Porto o único lance de golo da primeira metade, aos 34’, que Jackson desperdiçou, rematando por cima da baliza, após um mau alívio de Maxi Pereira.
Obrigado a arriscar, Lopetegui trocou ao intervalo Rúben Neves por Herrera, invertendo o triângulo do meio-campo, com o objectivo de dar mais profundidade no corredor central. Mas os “dragões” abriram também mais espaço na sua rectaguarda para o Benfica circular a bola e surgiram os raros lances de perigo, ainda que tímidos, na área portista. Aos 50’, um remate fraco de Talisca para defesa fácil de Helton animou mais uma vez as bancadas, mas apenas porque foi o primeiro da equipa da casa. Cinco minutos depois, o brasileiro criou mais perigo, num cabeceamento ligeiramente ao lado.
O tempo não parava e Lopetegui subiu a parada, chamando Quaresma (56’), para o lugar de Brahimi e Hernâni (64’) para render Evandro e apoiar Jackson no ataque. Jesus respondeu com cautelas, com Fejsa (64’) a substituir Talisca e a posicionar-se perto de Samaris. O jogo estava mais aberto e o técnico “encarnado” não queria surpresas, acabando ainda por apostar em André Almeida para reforçar a defesa (ocupou o lugar de Eliseu na esquerda, avançando no terreno o antigo jogador do Málaga).
A jogar no contra-golpe, o Benfica só se aventurava no ataque pela certa. Mesmo assim, pertenceria à equipa da casa a melhor oportunidade de todo o segundo tempo, já na recta final do encontro, quando um livre de Nico Gaitán, aos 84’, acabou por sobrar para a cabeça de Fejsa, que falhou o alvo por pouco.
O apito final chegou sem mais novidades e o cheiro do título inebriou os quase 64 mil adeptos no Estádio da Luz. Os “dragões” falharam o derradeiro ataque ao título (ficaram a quatro pontos do objectivo face à vantagem dos lisboetas em caso de igualdade) e tiveram apenas o mérito de impedir o Benfica de marcar um golo em casa, o que já não acontecia há 95 jogos consecutivos. Um fraco consolo para uma equipa que iniciou a temporada com ambições bem mais altas.
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